CIDADE DE SILVES, ALGARVE, PORTUGAL 21 a 23 de outubro de 2022

Nos dias 21 a 23 de outubro, em Silves, decorrerá o Fórum Internacional de Estudos Globais (FIEG 22), sob o tema “Guerra e Paz na era da Globalização”. Neste encontro, ao debater-se a guerra e a paz na era da globalização procura-se obter uma melhor compreensão dos desafios contemporâneos originados pela ameaça generalizada da guerra e pela procura consciente da paz, a partir do cruzamento de perspetivas científicas, seguindo metodologias e propostas inter, trans e pós-disciplinares inovadoras inerentes aos Estudos Globais.

O Fórum será acreditado como ação de formação de curta duração.

PROGRAMANOTA DE IMPRENSAInformaçõesSINOPSE DE APRESENTÃO

A história tem sido marcada por ciclos de guerra e de paz, transversais a todas as civilizações e culturas. Desde os alvores da civilização grega, existe a preocupação de estabelecer limites à possibilidade de desencadear ou levar a cabo a guerra. Da ideia medieval de guerra justa decorre a ideia contemporânea, consagrada no artigo 51.º da Carta das Nações Unidas, de que a guerra só é lícita em autodefesa. Desde há muito, portanto, que a humanidade se deu conta da necessidade de assegurar a paz como desiderato político e cultural. Paradoxalmente, o século xx foi o que registou mais mortes por causa da guerra, que se tornou muito sofisticada. A 2.ª Guerra Mundial terminou com os terríveis bombardeamentos nucleares de Hiroxima e Nagasáqui, que dispensaram o tradicional campo de batalha. Foi esse o tempo de se proclamar, de forma explícita, a imoralidade da guerra, porque ela poderia implicar o fim da humanidade. A criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, em 1951, constituiu um primeiro assomo de consciência do mal intrínseco à guerra, reunindo os antigos inimigos na gestão conjunta dos recursos que a haviam tornado possível. Por essa altura, Ortega y Gasset lembrou que não se termina a guerra por decreto, porque ela é uma marca da existência, e que só no plano da existência se pode combater a guerra, ou seja, atuando de forma consciente no mundo. A utopia de um mundo ideal em que os bons, os justos e a virtude saem vencedores pode servir para vender um filme de guerra, o qual só será um grande filme se for honroso. O caso paradigmático é Casablanca, em que um homem cuja nacionalidade é ser “bêbado” revela uma inusitada maturidade ao aceitar apoiar o lado justo da guerra, por amor a uma mulher, que tem os traços da humanidade. Antígona já o tinha dito: “Não para odiar, mas para amar, eu nasci” (Sófocles, Antígona, 523), testemunhando a importância da coragem, forjada nas relações de amor e políticas, em defesa do que é eternamente justo, contra o tirano. O último século proporcionou um avanço científico e tecnológico sem precedentes, ao mesmo tempo que novas guerras e novos conflitos, sem solução à vista, colocam em evidência a capacidade de o homem se autodestruir. A guerra regressou à Europa através do sangrento conflito dos Balcãs, na década de 1990 e nos princípios da década de 2000, tendo agora uma nova e trágica manifestação no conflito russo-ucraniano. Tudo isto nos recorda a importância e, ao mesmo tempo, a fragilidade da paz. A força dos maus está em julgaram-se bons e vítimas de caprichos alheios, dizia Alain, sendo frequente levarem consigo nações inteiras, dominadas pelo medo, o qual está na origem de todas as guerras. Sempre que se inicia uma guerra, há a possibilidade de justificá-la, pelo que o melhor é impedir o seu surgimento. Terão as sociedades contemporâneas, politicamente organizadas, capacidade para se entenderem, por forma a evitar a guerra e garantir a paz? É possível um acordo mínimo entre nações sobre o que é o bem e o que é o mal ou, pelo contrário, o direito internacional está condenado a não passar de uma folha de papel? Como viver num mundo que não se entende, onde as ameaças se agigantam e a humanidade pode perecer? No mundo interdependente em que vivemos, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia não é apenas regional mas global, pela participação direta ou indireta de Estados e organizações de todos os continentes, com impactos reais nos domínios económico, político e humanitário. Novos muros se erguem e pontes se desmoronam diante dos nossos olhos. A guerra faz parte das nossas vidas, mesmo quando separados por milhares de quilómetros. Já a paz é muito mais do que a ausência de guerra, exigindo fortes compromissos individuais e coletivos, mediante a salvaguarda de princípios e valores sólidos de convivência social. Ao debater-se “Guerra e Paz na Era da Globalização”, procura-se obter uma melhor compreensão dos desafios contemporâneos originados pela ameaça generalizada da guerra e pela procura consciente da paz, a partir do cruzamento de perspetivas científicas, seguindo metodologias e propostas inter, trans e pós-disciplinares inovadoras inerentes aos Estudos Globais.